domingo, 29 de abril de 2012

O valor do capital humano


Há 38 anos, em abril de 1974, cheguei a São José dos Campos. Desde os primeiros dias pude perceber a pujança da cidade e a quantidade de migrantes que, como eu, vinham pra cá para fazer a vida. Ao longo de quase quatro décadas, essa percepção tornou-se uma convicção: São José é terra de empreendedores.
Acredito que um dos maiores ativos que nossa cidade (e região) desenvolveu é a capacidade de atrair pessoas talentosas. Hoje, as migrações diminuíram muito, mas durante os grandes ciclos migratórios experimentamos grande saldo no chamado Capital Humano.

Quando digo atração de talentos, estou me referindo a dois tipos. O primeiro, diz respeito a talentos já desenvolvidos; o segundo tipo refere-se aos talentos em potencial, ainda não desenvolvidos, mas com enorme capacidade e vontade de desenvolvê-los.

Atraímos muitos talentos através de nossas indústrias, escolas e instituições de pesquisa. São José dos Campos recebe pessoas do Brasil inteiro para estudar no ITA, no Inpe (Pós-Graduação), na Etep (curso técnico), nas nossas universidades/faculdades, nos nossos cursos técnicos e até mesmo em nossos cursos de pré-vestibular. O CTA, o Inpe e outras instituições de pesquisa atraíram (e atraem) muitos pesquisadores, tecnólogos e técnicos do Brasil e do mundo.

Nosso parque industrial trouxe pessoas com excelente formação técnica e gerencial. Nosso potencial de consumo e de serviços tem atraído ao longo do tempo excelentes empreendedores e hoje, São José dos Campos, é um grande centro comercial e de serviços.

Tão importante quanto atrair talentos desenvolvidos é despertar o interesse de talentos em potencial. Nossa cidade (e a RM do Vale) foi e é pródiga na atração de gente que trouxe a sua capacidade e força de vontade de alcançar os seus sonhos. Vi isso na GM, onde trabalhei como escriturário, no Casd Vestibulares onde fui professor e, sobretudo, por toda cidade quando fui prefeito. É impressionante a resposta positiva da nossa gente quando lhe é dada oportunidade.

Pude constatar o desenvolvimento desses talentos nos vários programas públicos que implantamos para a nossa gente mais simples: cursinho pré-vestibular, curso técnico no Cephas, empreendedores no Banco do Povo, requalificação nos Prodecs, esportistas no Bolsa Atleta, etc.

A conclusão é que São José e região souberam aproveitar bem o processo de urbanização brasileira. Porém, não podemos somente celebrar esse fato e nos acomodar nas conquistas alcançadas.
Com a queda do processo migratório, há uma tendência acentuada de diminuição da atração de talentos, já desenvolvidos e em potencial. É preciso redobrar esforços para continuarmos atraindo gente com esse perfil e também para consolidarmos os valores do empreendedorismo entre nossos filhos e netos.

Esses esforços têm sido feitos: o ITA será duplicado; o nosso Parque Tecnológico é o melhor conceituado do Brasil; há boas perspectivas de ampliação da Unesp e da Unifesp; o Hospital Regional terá forte componente tecnológico, etc. Mas, é preciso que avancemos em áreas com grande potencial. Exemplos: a nova economia criativa; o incentivo a investidores para empresas incubadas (uma espécie de “Bolsa Nasdaq” no Parque); empresas tecnológicas na área da saúde; além do reforço ao sistema de pesquisa, desenvolvimento e produção já existente.

Há esforços também sendo feitos para o desenvolvimento interno dos nossos talentos potenciais: nossas crianças são incentivadas a sonhar e a perseguir os seus sonhos; há inúmeras instituições que dão oportunidades à nossa gente. Mas, aqui, reside minha preocupação. Com o tempo, o espírito empreendedor tende a esmorecer (é aquela história de: “pai rico, filho nobre e neto pobre”).

Devemos consolidar os valores de “terra de oportunidades e de gente empreendedora”. Para tanto, proponho dois parâmetros: 1 – Toda criança será incentivada a sonhar; 2 – Se alguém não quiser perseguir o seu sonho, isso é problema dele: ele é livre! Se ele quiser persegui-lo, isso é um problema nosso, de todos. Mas sobre esse tema, trataremos em um próximo artigo. Até lá.

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